
Em tempos de expansão acelerada da energia solar no Brasil, com recordes de novas usinas instaladas – foram adicionados 14,3 GW em 2024, totalizando 52,2 GW de capacidade fotovoltaica operacional – a segurança dessas plantas se torna prioridade. Infelizmente, o aumento dos investimentos em usinas atraiu a atenção de quadrilhas especializadas: casos de furtos e invasões em parques solares vêm se multiplicando, causando prejuízos milionários, atrasos em obras e até interrupções na geração de energia. Esses incidentes mostram que, para gestores de segurança e engenheiros de O&M, proteger a usina contra roubos e vandalismo é tão crucial quanto garantir sua eficiência energética. Nas próximas seções, exploraremos os principais riscos atuais e como soluções de videomonitoramento com IA podem revolucionar a prevenção de crimes no setor.
As usinas fotovoltaicas tipicamente ocupam grandes extensões de terreno em áreas isoladas. Cercas e portões altos ajudam, mas nem sempre impedem invasões – sobretudo em locais remotos, onde a resposta policial demora a chegar. A vulnerabilidade aumenta durante a construção, quando sistemas de segurança ainda não estão completos: em poucos minutos quadrilhas podem extrair cabos de cobre ou baterias de projetos em andamento. Além disso, falhas humanas ou operacionais (como portões deixados abertos) ampliam as brechas. Nos parques em operação, os criminosos miram justamente equipamentos de alto valor e fácil remoção: fios de cobre e alumínio, barramentos elétricos, painéis isolados e inversores. Em alguns casos, os ataques são coordenados e até armados: por exemplo, um grupo em Paracatu (MG) rendeu um vigia noturno e tentou furtar 14 rolos de fio de cobre, segundo a polícia. Além de furtos, há riscos de sabotagem (como cortar cabos para derrubar a geração) e vandalismo generalizado. Em resumo, qualquer ponto crítico da usina – subestações, garagens de inversores ou depósitos – representa um alvo em potencial para invasores organizados.
Tradicionalmente, a segurança em usinas solares baseia-se em vigilantes patrimoniais e em sistemas de alarme convencionais (sensores de movimento, detectores de intrusão no perímetro etc.). Cobrir todos os pontos de um parque solar exige muitas rondas humanas – o que é caro e suscetível a falhas (vigias cansam ou têm tempo de reação limitado). Além disso, equipamentos de CFTV padrão apenas gravam imagens; é preciso que operadores monitorem dezenas (ou centenas) de câmeras, o que é impraticável 24 horas por dia. Os alarmes básicos também apresentam problemas: frequentemente disparam falsos alertas causados por animais, vento ou flutuações ambientais, sobrecarregando as equipes. Em muitos casos reportados, invasores conseguiram entrar, furtar materiais e sair sem que ninguém percebesse a tempo. No fim, o modelo tradicional de segurança eletrônica das usinas é reativo – registra ou sinaliza a ação criminosa apenas depois que ela ocorre, e depende de mão de obra intensa para triagem. Esses fatores combinados permitem que ladrões atuem por tempo suficiente para causar estragos antes de serem descobertos.
O monitoramento inteligente com IA utiliza câmeras equipadas com algoritmos de vídeo analítico capazes de analisar imagens em tempo real e reconhecer comportamentos suspeitos automaticamente. Diferente do CFTV convencional, esse sistema identifica pessoas, veículos e até ações específicas (como invasão de área restrita, permanência prolongada ou até remoção de objetos). Ao detectar uma anomalia – seja um intruso perambulando em horário fora de operação ou um portão aberto indevidamente – o sistema dispara alertas automáticos instantâneos, sem necessidade de intervenção humana. Isso faz com que gestores e vigilantes sejam informados imediatamente sobre ameaças reais, podendo agir antes que o dano se concretize.
As vantagens dessa abordagem são significativas:
- Redução de falsos alarmes: a IA filtra eventos irrelevantes (movimentos de animais, vento nas folhas etc.), entregando alertas apenas quando há de fato um risco.
- Detecção proativa: alarmes chegam em tempo real, tornando a resposta prévia possível – por exemplo, uma equipe de segurança pode ser acionada ao primeiro sinal de intrusão e deter os suspeitos antes do furto.
- Economia operacional: menos recursos humanos são necessários, pois as câmeras operam 24/7 sem perda de atenção. Em vez de equipes enormes analisando vídeo, a IA avisa somente quando há uma ameaça real, reduzindo custos de monitoramento.
- Precisão e escalabilidade: algoritmos não se cansam e mantêm vigilância padronizada, independente do horário. O sistema também é escalável: ao adicionar novas câmeras, basta estender o modelo analítico, sem precisar aumentar proporcionalmente a equipe humana.
- Análises históricas: os eventos detectados ficam registrados, permitindo criar relatórios gerenciais, executar auditoria forense de incidentes e treinar a IA com base em padrões já observados para otimizar a proteção.
Esses ganhos se traduzem em prevenção mais eficaz de furtos e invasões, além de melhor custo-benefício a longo prazo.
Para implementar IA no monitoramento de uma usina, recomenda-se seguir etapas estruturadas:
1. Avalie as necessidades de segurança: mapeie os pontos vulneráveis da usina (perímetro, subestações, módulos e estoques) e defina objetivos claros (prevenir furtos, invasões, etc.). Considere o histórico de incidentes e as prioridades do negócio.
2. Planeje a infraestrutura de CFTV: verifique a cobertura de rede (internet/intranet), alimentação elétrica e posicionamento adequado das câmeras. Garanta que a infraestrutura suporte vídeo em alta resolução e conexões confiáveis. Se já há câmeras instaladas, verifique se elas são compatíveis com analíticos de vídeo; caso contrário, inclua no projeto câmeras IA ou equipamentos intermediários.
3. Escolha tecnologias adequadas: selecione câmeras e softwares que ofereçam análises de IA robustas (reconhecimento de pessoas, veículos, comportamento atípico, etc.). Prefira soluções testadas em cenários industriais e flexíveis quanto a atualizações de inteligência.
4. Integre sistemas: conecte o videomonitoramento ao restante da automação da usina (SCADA, alarmes eletrônicos, controle de acesso). Essa integração permite ações coordenadas: por exemplo, uma leitura incomum no SCADA pode acionar automaticamente a câmera da área afetada. Além disso, a análise de dados do próprio vídeo (como mudanças de status em tempo real) pode ser alimentada em sistemas de comando e controle.
5. Configure regras de alarme: defina zonas protegidas, horários sensíveis (turno da noite, feriados) e as condições que devem disparar cada tipo de alerta (entrada em áreas não autorizadas, objetos removidos, etc.). Uma configuração bem ajustada reduz disparos falsos desde o início.
6. Treine a equipe e teste o sistema: instrua operadores e vigilantes sobre a nova solução. Realize testes de invasão simulados para ajustar o nível de sensibilidade da IA e assegurar que os alarmes acionem corretamente. Avalie a interface de monitoramento, notificações por SMS/app, e procedimentos de resposta a cada tipo de evento.
7. Mantenha e avalie continuamente: faça manutenção periódica nas câmeras e sistemas, atualize o software de IA com novos cenários de risco e analise relatórios de ocorrências. Utilize lições aprendidas e feedback da equipe para refinar os parâmetros de detecção ao longo do tempo.
À medida que a energia solar se fortalece no Brasil, a prevenção torna-se indispensável para garantir que as usinas funcionem sem sobressaltos. O monitoramento tradicional já não basta diante da sofisticação e audácia dos criminosos. Por isso, investir em videomonitoramento inteligente com IA é apostar na segurança proativa: detectar ameaças antes que causem danos e reduzir perdas operacionais. Com as soluções analíticas certas, gestores de segurança e engenheiros de O&M podem transformar grandes parques solares em ambientes altamente protegidos – economizando recursos e blindando o investimento contra furtos.
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